As cobras surgiram na Terra aproximadamente há 145 milhões de anos,
evoluindo dos lagartos cavadores. São répteis carnívoros que comem aves,
ovos, pequenos mamíferos, outras cobras, anfíbios, peixes e insetos.
Existem perto de 3 mil espécies que variam na cor, tamanho, etc.. Sua
vida pode ultrapassar os 15 anos e podem atingir mais de 4 m,
dependendo da espécie . Elas não possuem membros e têm sangue frio, o
que significa que sua temperatura interna varia com a temperatura do
ambiente.
Podem ser venenosas ou não venenosas. As venenosas picam suas presas,
injetando veneno, antes de comê-las. E há também as cobras que matam
suas vítimas por constrição (asfixia). Elas não mastigam – engolem suas
presas inteiras.Trocam de pele, pelo menos, duas vezes ao ano e possuem
cerca de 200 a 400 ossos – com exceção da cabeça, os ossos são,
exclusivamente, vértebras. Captam vibrações do solo e sons de baixa
frequência . “Sentem” cheiros através da língua. Da maioria das fêmeas
nascem filhotes vivos e algumas botam ovos.
As serpentes têm função muito importante no biossistema, controlando a
população de roedores e até de cobras venenosas, pois algumas espécies
só se alimentam de filhotes das venenosas. São animais magníficos e
muito úteis em seus territórios.
Infelizmente, as cobras, estão sendo procuradas cada vez mais, como
animais “domésticos” . E o que leva uma pessoa a querer adotar uma cobra
como animal de estimação, já que serpentes não demonstram carinho,
não reconhecem o tutor e não são animais para “brincar”?
Talvez, cuidar de um animal diferente “encante” as visitas e faça do
tutor uma “sensação”. Geralmente, quem se interessa em adotar uma
cobra, quer parecer excêntrico e, no fundo, reverencia o medo que ela
inspira. Alguns psicólogos afirmam que criar um animal silvestre e
exibi-lo, possivelmente, indique uma personalidade insegura, com
necessidade de poder e status. Lamentavelmente, o comércio (legal ou
ilegal) das serpentes como animais de estimação, é crescente.
No Brasil, há duas condições para a compra e venda: é proibido criar
espécies peçonhentas (venenosas) e o comércio de animais da nossa fauna
também é proibido, a menos que o IBAMA autorize. Ter animais silvestres
como animais de estimação é ilegal, conforme a Lei de Crimes Ambientais
nº 9605 / 98. Ela proíbe a utilização, perseguição, destruição e caça de
animais silvestres e prevê pena de prisão de 6 meses a 1 ano, além de
multa para os infratores.
Para alguém criar uma cobra, há vários encargos (além da autorização
do IBAMA, etc.): terrário – onde o solo, a temperatura e a iluminação
devem ser controlados. Por maior que seja o terrário, ele restringe,
dramaticamente, os movimentos de uma cobra. Alimentação – a cobra em
cativeiro se alimenta de ratos adultos e de ratos recém nascidos
(pinkies) -será que o tutor terá “estômago” para providenciar a comida?
Além disso, todos os membros da família que irão “morar” com a
serpente, devem estar envolvidos no processo e aceitarem conviver com a
cobra. E caso o tutor desista de ficar com o bicho, o que é comum, já
que cobras podem viver em torno de 15 anos, é muito difícil conseguir
uma adoção.
Obviamente, essa cobra não será feliz como seria em seu território.
Com certeza, cuidar de animais silvestres ou exóticos em casa não é
amar a natureza. Lugar de animal é em seu habitat natural.
Comprar uma cobra, mesmo legalmente, estimula o tráfico. Acredita-se
que o comércio ilegal de animais movimente cerca de 10 bilhões de
dólares por ano em todo o mundo. Só o tráfico de drogas e armas é maior.
Todos os anos, mais de 38 milhões de animais silvestres são retirados
ilegalmente de seus habitats no Brasil, sendo 40% exportados, segundo
relatório da Polícia Federal. Segundo a ONG Rede Nacional de Combate ao
Tráfico de Animais (RENCTAS) os bichos saem, principalmente, da Bahia,
Piauí, Pernambuco, Maranhão, Paraíba e Ceará. E são enviados para Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Dos animais traficados, para cada
10 só sobrevive 1 (9 morrem durante a captura e o transporte). As
cobras, para o transporte, são sedadas e colocadas em meias de nylon.
O tráfico de animais, além de crime, é uma enorme covardia – os
bichos sofrem muito, a maioria morre e algumas espécies acabam
entranto em processo de extinção.
Enquanto isso, um sem número de cães e gatos abandonados espera por uma adoção.
Notas:
- Qual é o termo correto: cobra ou serpente? No Brasil, ambos os
termos são aceitos. Porém, no exterior, o mais acertado é usar a palavra
“serpente”;
- O ser humano possui 206 ossos;
- Das 391 espécies de serpentes brasileiras, 28 são consideradas em
algum grau de risco, de acordo com avaliação realizada por especialistas
brasileiros durante encontro promovido pelo Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação de Répteis e Anfíbios, em Iperó, São Paulo (2012). A
lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção
registra 5 serpentes. Entre elas está a surucucu-pico-de-jaca. Caso os
novos dados sejam confirmados, esse número subirá mais de 6 vezes, para
33;
- O RankBrasil homologou a surucucu-pico-de-jaca por ser a maior
cobra peçonhenta do Brasil e da América do Sul – chega a medir 4,5 m de
comprimento. Seu bote pode atingir uma distância aproximada de metade
de seu corpo. É uma das serpentes mais venenosas do mundo. É um animal
ameaçado de extinção.
- Animal silvestre – pertence às espécies nativas. Animal exótico –
sua distribuição geográfica não inclui o território brasileiro.
*Texto registrado na Biblioteca Nacional – Direito Autorais.
Reprodução permitida, desde que mantido integralmente o texto, sem
alterações.